Pois é, manos, mais um ano…
Ou menos um ano, como dizia meu pai, um eterno otimista.
Uma vez minha mãe foi consultar uma vidente e falou sobre o meu pai.
A vidente, depois daqueles salamaleques todos – mãozinha correndo prá cá, mãozinha correndo pra lá – aproximou-se de minha mãe e disse quase num sussurro:
Estou vendo seu marido…Ele é frio como uma lâmina…
Pois é…Ele podia ser frio como uma lâmina mas tinha uma capacidade extraordinária de ver o futuro.
Basta dizer que desde aquela época – isso foi nos anos 50 – previu coisas que só aconteceriam décadas depois.
Previu, por exemplo, o pré-sal.
Ele sempre dizia: É preciso chegar ao fundo do poço.
Previu o sucesso fantástico da indústria automobilística, no super-congestionamento que imobilizará o planeta no ano de 2056.
Anteviu o sucesso das novelas da Rede Globo. E num tempo que nem existia a Rede Globo.
Ele via minha mãe siderada diante da televisão olhando “Direito de Nascer”, em preto e branco e cheio de chuvisco, e dizia:
“Desliga essa merda!”
Infelizmente papai já não está aqui para dizer o que nos espera em 2012.
Ele faleceu em 2007, e deixou uma frase enigmática como despedida:
“Tchau gente, estou indo antes que 2008 me alcance…”
O ano de 2008, como é sabido, foi um ano crítico. Será que 2012 vai ser igual?
Será?
De qualquer modo, gente, não devemos nos preocupar em excesso.
Alguns de nós já passamos por 1964, e sobrevivemos.
Atravessamos 1968 – aquele ano que o Zuenir Ventura insiste em dizer que não acabou. Muitos viveram a interminável fase da transição, com suas crises e espasmos.
E, apesar disso, avançamos, percorrendo a pedregosa estrada que um dia poderá nos levar à democracia estável e permanente.
Talvez um dia a gente chegue.
Claro. Se o Poder Judiciário permitir…
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