domingo, 1 de janeiro de 2012

O Ano Novo

Pois é, manos, mais um ano…

Ou menos um ano, como dizia meu pai, um eterno otimista.

Uma vez minha mãe foi consultar uma vidente e falou sobre o meu pai.

A vidente, depois daqueles salamaleques todos – mãozinha correndo prá cá, mãozinha correndo pra lá – aproximou-se de minha mãe e disse quase num sussurro:

 'Infelizmente papai já não está aqui para dizer o que nos espera em 2012'
Estou vendo seu marido…Ele é frio como uma lâmina…

Pois é…Ele podia ser frio como uma lâmina mas tinha uma capacidade extraordinária de ver o futuro.

Basta dizer que desde aquela época – isso foi nos anos 50 – previu coisas que só aconteceriam décadas depois.

Previu, por exemplo, o pré-sal.

Ele sempre dizia:  É preciso chegar ao fundo do poço.

Previu o sucesso fantástico da indústria automobilística, no super-congestionamento que imobilizará o planeta no ano de 2056.

Anteviu o sucesso das novelas da Rede Globo. E num tempo que nem existia a Rede Globo.

Ele via minha mãe siderada diante da televisão olhando  “Direito de Nascer”, em preto e branco e cheio de chuvisco, e dizia:

“Desliga essa merda!”

Infelizmente papai já não está aqui para dizer o que nos espera em 2012.

Ele faleceu em 2007, e deixou uma frase enigmática como despedida:

“Tchau gente, estou indo antes que 2008 me alcance…”

O ano de 2008, como é sabido, foi um ano crítico. Será que 2012 vai ser igual?

Será?

De qualquer modo, gente, não devemos nos preocupar em excesso.

Alguns de nós já passamos por 1964, e sobrevivemos.

Atravessamos 1968 – aquele ano que o Zuenir Ventura insiste em dizer que não acabou. Muitos viveram a interminável fase da transição, com suas crises e espasmos.

E, apesar disso, avançamos, percorrendo a pedregosa estrada que um dia poderá nos levar à democracia estável e permanente.

Talvez um dia a gente chegue.

Claro. Se o Poder Judiciário permitir…


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