segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Cristo aos pedaços

Não querem Jesus, querem a parte suave de Jesus. 
Não querem o Cristo, querem a parte agradável do Cristo. 
Não querem a cruz, querem a parte menos dolorosa da cruz. 
Não querem o manto, querem a parte mais bonita daquele manto. 
Não querem a Bíblia, querem parte dela: a que prova que estão certos. 
Assim agem muitos cristãos. Assim talvez nós ajamos. 

Alguns cristãos continuam querendo o melhor lado do trono, 
o primeiro lugar, lugar de vencedor, 
o melhor lugar à mesa do Senhor, 
o lugar mais visível do púlpito e do altar, 
o melhor som e os melhores holofotes, 
a melhor divulgação mesmo que o seu produto não seja lá tão eclesial alguma badalada a mais do sino que toca para a sua chegada uns segundos a mais de aplausos, ou algum balanço a mais do turíbulo. 
O perigo ronda a todos nós que lidamos com a mídia e com a multidão. 

E há quem, como Simão o Mago, ( At 8,9-24 ) 
faz qualquer coisa para ser chamado de apóstolo ou de profeta. 
Paga o seu caminho pela mídia, sabendo que, se não o fizer, ninguém o chamará. 
Então ele se chama e se projeta. 

Se não tomarmos cuidado, aparecer em nome da religião poderá tornar-se, 
sem que nos demos conta, obsessão e doença: acabamos comendo, bebendo e dormindo publicidade em nome da fé. E pensamos que é virtude. Pode parecer zelo, mas não é. 

Há um ponto em que o anúncio da fé, 
que até então era coisa de missionário desapegado, 
se transforma em coisa de fanático ou em alta fonte de lucro. 
Depende do conteúdo, da obsessão e da ênfase que dá ao que anuncia. 
É tentação corrente em todas as igrejas. 
Ate que ponto se pode cobrar pela Palavra? 
Pode o empresário cobrar duas vezes mais do que o pregador? 
Até que ponto se pode arrecadar e quanto a arrecadação é demais? 

Quando o pregador começa a falar sempre na primeira pessoa 
e deixa claro que não ouvirá a ninguém mais senão a Deus, 
estamos diante não de um santo, mas de um obcecado. 
Não consegue mais anunciar o Cristo sem, primeiro, se anunciar longamente. 
Quando gosta muito de falar de si mesmo, de contar suas histórias pessoais 
e de dizer que Jesus lhe disse ou está lhe dizendo alguma coisa 
convém que os amigos o alertem se é que ele ainda ouve algum amigo. 

Serve para mim, para os outros, serve para nós que subimos ao púlpito. 
Se insistimos em ficar apenas com a parte que nos interessa, 
nossa Bíblia encolherá, porque o cérebro já de há muito que encolheu!. 

Enquanto não entendermos que aquele livro também fala contra nós 
não o teremos entendido. 
Jesus deixa claro que cobrará mais de quem diz que sabe mais sobre Ele! 
(Mc 12,40) ( Mt 24,24-26) Não merecem confiança. 
Disse que não reconhecerá quem na terra contou vantagem e fingiu ser seu confidente e quem serviu-se do seu nome ao invés de servir o seu nome. (MT 24,5) ( Mt 7,15-23) 

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