sexta-feira, 5 de agosto de 2011

"Jesus com suas amigas"

Contemplando Lucas 10,38-42

Eu estava no jardim, quando vi Jesus chegar à casa de seus amigos, Lázaro, Marta e Maria. Eu trabalhava para eles como jardineiro, em Betânia.

Jesus foi recebido com alegria por Maria, ainda no portão. Ao entrar, me cumprimentou com um sorriso e um aceno de cabeça. Marta, logo que viu Jesus, correu esbaforida casa adentro para arrumar tudo que, segundo ela, estava à maior bagunça.

Maria sentou-se com Jesus sob um pé de romãs e começaram a conversar. Ele contava de suas caminhadas pela Galiléia, as pessoas que encontrara tudo o que acontecera naqueles dias. Maria ouvia as palavras de Jesus e as guardava no coração.

Ele começara a contar do diálogo que tivera com um doutor da lei sobre quem é o nosso próximo quando Marta os interrompeu; com as mãos na cintura e com uma expressão zangada disse:
 - Mestre, não vês que estou ocupada enquanto minha irmã fica aí, a ouvi-lo, sem em nada me ajudar? Peça a ela que cuide também de preparar a casa para recebê-lo...

 Realmente, desde que Jesus chegara, Marta havia varrido a casa, arrumado a cozinha e preparado um lanche que estava agora sobre a mesa.

 Maria baixou os olhos envergonhada. Jesus ergueu-se sorrindo e caminhou até Marta. Ao passar por Maria afagou sua cabeça, num gesto de carinho quase imperceptível. Aproximou-se e abraçou Marta que tinha nas mãos um prato com broinhas de fubá que acabara de fazer. Jesus apanhou uma broinha, ainda quentinha, deu uma mordida e falou:

 - Que delícia Marta, você é mesmo uma cozinheira fantástica, mas há um pequeno problema...

 E Jesus passou o braço em torno do ombro de Marta e foi levando-a, meio que empurrada, para o jardim, onde estava Maria.

 - Marta, minha querida Marta, você se preocupa com muitas coisas e não tem tempo para o mais importante. Maria soube escolher o melhor e isso não lhe será tirado. Quanto a você...

 - Desculpe Senhor, disse Marta, eu concordo com o que dizes, mas enquanto falavas já comestes duas das minhas broinhas.
 Jesus deu uma gargalhada e tomou de Marta o prato de broinhas fumegantes.

 - Pois vou comê-las todas, pois está mesmo uma delícia. Mas Marta, veja bem nós não poderíamos ter sentado, conversado, matando as saudades primeiro? Você se preocupa muito com as obrigações a cumprir, que tudo esteja certinho,  arrumado a tempo e a hora. Quanto às broinhas, nós poderíamos até tê-las feitos juntos! Olha, as suas são especiais, mas eu sei uma receita que mamãe me ensinou...

 Marta sorriu e rendeu-se, sentando-se ao lado de Maria. A tarde foi caindo junto com o sol atrás das montanhas. No jardim, os três conversavam animadamente sob os galhos de  romã.

Eu me aproximei e contemplei aquela cena cheia de doçura e simplicidade. Jesus tinha no colo um prato vazio. Olhou para Marta, um sorriso maroto, e disse: “Nem só de pão vive o homem... mas essas suas broinhas..."
Autor: Eduardo Machado


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