terça-feira, 28 de agosto de 2012

Por que perdoar é uma escolha sábia
Emilce Shrividya Starling
"A maior vitória sobre um inimigo é perdoá-lo. Quando você o perdoa, ele morre dentro de você e deixa de lhe perturbar”.
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A capacidade de conceder o perdão completo não acontece de maneira rápida ou facilmente. É uma virtude que deve ser cultivada por muito tempo. E para isso precisamos compreender o que é o perdão.
O perdão não é botar panos quentes e dizer: “Tudo bem. Nem fiquei magoado. Está tudo bem.”.
É preciso fazer um trabalho interno de contemplação e libertação.
Você precisa ter coragem de examinar seus pensamentos, sentimentos, ações e as consequências que criam. Não deve agarra-se a elas e sim ter o poder de renunciar a elas e entregá-las a Deus.
Precisa desistir de ser vítima do outro que lhe fez algo prejudicial e não chorar como uma vítima ofendida. Mas o perdão não substitui o arrependimento. Tanto você como a outra pessoa precisam sentir arrependimento e ver os próprios erros.
O perdão é uma escolha sábia. O perdão é uma bênção tanto para quem recebe como para quem concede.

Como diz o poeta Vogue Kabir:

 “Se alguém trata você mal uma vez e você reage tratando-o mal, então, um maltrato vira dois. Entretanto, se você não o maltratar em retribuição, o maltrato continua sendo apenas um.”.
Esse é um conselho sábio, mas difícil de ser seguido. Para aplicá-lo, você precisa ter força no coração que vem da sabedoria do Ser interior. Compreenda que o perdão se torna cada vez mais difícil se você multiplicar as ofensas, as provocações e se reagir ao mal-entendido com mais mal-entendido.
Às vezes, você pode ter a tentação de responder às ofensas e achar que isso lhe fará sentir mais leve depois. Mas não é verdade, pois ao revidar, você está criando dor para si mesmo. Você obscurece sua mente com nuvens pesadas de rancor e fecha seu coração para o amor.
Quando você perdoa ou nem guarda mágoas, você faz bem a você mesmo. Você demonstra gentileza a si mesmo e reconhece a grandeza de sua alma.
O perdão existe primeiro para aquele que perdoa, porque lhe libera de sentimentos negativos que iam destruir sua paz e acabar com sua alegria.
O perdão tem muita força e dissolve a raiva, que é o nosso maior inimigo na Terra. Um coração que perdoa é forte e nobre e está mais próximo de Deus. Somente os fortes e sábios perdoam.
Muitas pessoas não querem nem pensar em perdoar e ficam muito apegadas à raiva. Elas preferem sofrer com essa atitude rancorosa, pois é difícil abandonar esse apego à raiva.
Na maioria das vezes, elas guardam ressentimentos, sentem amargura, decepção e desamparo. Elas carregam uma bagagem pesada que tira o sabor da vida. Entenda que você não pode perdoar e, ainda assim, guardar antigas mágoas na sua memória.
Não é possível carregar o fardo da raiva e ser alegre ao mesmo tempo. Se você estiver apegado aos seus velhos rancores, você não é capaz de perdoar e fica se torturando com seus próprios pensamentos, tornando-se seu próprio inimigo.
A maior vitória sobre um inimigo é perdoá-lo. Quando você o perdoa, ele morre dentro de você e deixa de lhe perturbar.
O perdão precisa fluir do coração e não pode ser apenas um exercício mental. Perdoar alguém não é apenas lhe dizer: “Eu lhe perdoo”. É necessário revelar o perdão através de suas ações, gestos e sentimentos.
Quando você realmente alimenta a força do perdão, uma verdadeira alquimia acontece em seu interior e você se sente livre e muito bem.
Cultive essa nobre virtude do perdão por muito tempo e permita que o sentimento libertador de perdoar dissolva toda sua dor, abrindo caminho para a paz interior.
Quando você já perdoou, essa nova energia o faz sentir cada dia melhor e sua vida se abre. Você respira melhor, aprecia o ambiente à sua volta, admira as folhas das árvores, a luz do sol, a beleza das ondas do mar. Você se abre para ver as qualidades das pessoas e atrai melhores oportunidades para sua vida.
Quando o perdão acontece, ele emana do espaço da sabedoria. Ele simplesmente acontece e você já nem precisa mais pensar em perdão porque você possui sabedoria e conhecimento.
Deus não está julgando e nem punindo você. Ele é pura sabedoria, pleno de misericórdia, amor e compaixão. Você é que tem que parar de se punir com seus pensamentos e suas ações. Parar de guardar mágoas em seu coração.
Compreenda que única escolha sábia é o perdão e sinta-se completamente livre. Permita a si mesmo lembrar-se de sua própria divindade interior. Sinta compaixão, que é um ato de tolerância onde reina a bondade e o perdão.
 Namastê! Deus em mim saúda Deus em você! Fique em paz!

terça-feira, 14 de agosto de 2012


“Quando orardes, não useis muitas palavras…”. Eclo 48,1-15 – Sl 96 – Mt 6,7-15

Somos eternos aprendizes na arte da oração. Muitos de nós, desde a nossa mais tenra infância, aprendemos a rezar. Por vezes, infelizmente, uma certa catequese superficial foi formando pessoas que mais rezavam com os lábios do que com o coração. Ainda hoje tem seu valor a recriminação de Jesus a respeito do que honram o Altíssimo com os lábios. Estamos convencidos de que precisamos reformar seriamente e constantemente nossa vida de oração. Digo bem: trata-se de uma vida de oração. Sabemos perfeitamente que a mera multiplicação de palavras não faz a oração ganhar em qualidade.
Algumas orientações para que possamos nos aperfeiçoar na arte da oração:
• Importante adquirir o hábito de caminhar na presença do Senhor. Trata-se de um expediente antigo dos mestres de espiritualidade. Mesmo quando não estamos no exercício da oração o Senhor nos olha, nos vê, acompanha nossos passos. Muitos ainda hoje conservam o hábito de dirigir a Deus, nas caminhadas, na condução, no trabalho, uma jaculatória ao Senhor: “Meu Deus e meu Tudo”; “Meu Senhor e meu Deus”; “Coração de Jesus que tanto me amais, fazei que eu vos ame cada vez mais”.
• Ajuda o fervor da oração a prática do silêncio. As pessoas que passam um tempo em silêncio sentem mais facilidade para rezar. A frequentação dos salmos e das páginas das Escrituras, no silêncio, tornam menos áridos os momentos de oração. Muitos e muitas chegaram a uma intensa vida de oração através da recitação incessante e sempre nova dos salmos, esse livro que foi feito pelo Espírito.
• Não se pode rezar apenas quando se experimenta “calor” no interior. A oração requer perseverança e fidelidade. Mesmo nos momentos de secura interior e de aridez dolorosa será preciso permanecer diante do Senhor como um vigia que não desiste de guardar a porta da casa.
• Nunca haveremos de nos esquecer que é o Espirito que reza em nós. Podemos e devemos preparar o “terreno”, ou seja, levar uma vida reta colocarmo-nos na presença do Senhor, tomar os textos inspirados, mas sempre quem reza em nós é o Espírito.
• Prática importante de oração é a da meditação: colocar-se na presença do Senhor, ler um texto, deixar a Palavra penetrar, ruminar aquilo que o Senhor nos fala.
• Muitos gostam de rezar com canto. Há essas melodias inspiradas: um dolente pedido de perdão, uma exultação gloriosa diante do Senhor, um grito de súplica. Muitos, ainda em nossos dias, gostam de rezar cantando as melodias do canto gregoriano.
• Há momentos determinados para a oração: manhã, tarde, noite. Temos que ser fiéis a eles. Importante que assim, aos poucos, nossa vida toda se torne uma existência de oração. É isso que conta.

Frei Almir Guimarães